A loja fica em um galpão de pé direito alto e paredes beges. Vende malharias de confecção própria desde quando São Paulo era um lugar bom de se morar. Minha mãe me trouxe aqui uma vez para escolher roupas de balé - fiz durante um ano e pedi para parar.
Hoje, no entanto, não sou o motivo da compra.
“Onde fica o balé adulto?” Pergunta minha mãe para uma atendente que está repondo o estoque de maiôs de natação. A moça levanta o indicador para o fundo da loja sem olhar para nós. Arrastamos dois cestinhos azuis de compra até lá.
É um infinito de tules e tutus. Olho para minha mãe, encantada, mas ela está voando os dedos pelas araras com a destreza de um matemático usando uma calculadora. Me concentro para ajudá-la. Ela escolhe um collant de alça, outro de manga curta, recusa uma saia transpassada que eu sugiro (mas que jogo no cestinho mesmo assim), e sofremos um impasse com a cor das meias calças (rosa ou salmão?) antes de ir pro provador.
Sento no banquinho e espero a cortina se abrir. Mi…
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