-Você está aí?
O texto resmunga, mal-humorado, como alguém relutando em levantar da cama.
Insisto:
-Alôoou? Tem alguém aí?
-Me deixa em paz - ele bufa.
-Não posso - digo, encarando a folha em branco. - Preciso treinar diálogos.
-Então por que não escreve sobre alguma conversa legal que já teve na vida? - Ele arrasta as palavras em meio a um bocejo.
-Porque estou bloqueada e não consigo pensar em nada. Me ajuda aí, vai.
-Hunf. Não tô afim, não.
-Você é meio prepotente, sabia? - Bato o punho na mesa, irritada. - Nunca ajuda quando eu peço. Você parece aquele colega de escola que não faz nada e leva o crédito da nota pelo trabalho em grupo.
-Ora, não seja injusta! - Rebate o texto, subindo a voz. - Até parece que eu nunca te trouxe trabalhos prontinhos. Você nem teve que pensar! Só precisou bater o dedo no computador e PÁ! Foi em uma paulada só. Dedos voando pelas teclas em uma torrente de palavras.
-Você só pode estar de brincadeira - digo, levantando uma sobrancelha. - Isso só acontece quando …
Continue a leitura com um teste grátis de 7 dias
Assine Marinando para continuar lendo esta publicação e obtenha 7 dias de acesso gratuito aos arquivos completos de publicações.